2025 DLingua Port 04As línguas bantu, em Moçambique, foram desvalorizadas durante muito tempo, visto que, eram tidas como regionais e, em algumas vezes, defendia-se que o seu reconhecimento podia acelerar a propagação de tribalismo.
Esta situação, que tinha muito a ver com razões de carácter político, foi mudando nos últimos anos, daí a aprovação e expansão do ensino bilingue nos anos 2000, reconhecido na Constituição da República, bem como, a criação do curso de licenciatura em Línguas Bantu na Universidade Eduardo Mondlane.
A tese foi defendida, esta segunda-feira (05/05), pela investigadora e docente da UEM, Professora Catedrática Perpétua Gonçalves, durante o Simpósio alusivo ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, intitulado “A Língua Portuguesa de Moçambique nos estudos linguísticos e literários”, organizado pelo Departamento de Línguas da Faculdade de Letras e Ciências Sociais.
Mesmo reconhecendo a mudança do paradigma, a oradora reiterou que a valorização ainda não é a nível desejado, explicando que as línguas bantus são compreensíveis e frequentemente usadas ao longo das fronteiras nacionais.
“Reclama-se que as línguas bantus estão a desaparecer e este problema é político-linguística, pois, os falantes podem, muito bem, aprender o português e continuarem a falar em simultâneo a sua língua materna nos diferentes contextos”, destacou.
Por sua vez, o Prof. Doutor Gilberto Matusse, que falava também na qualidade de orador, afirmou que a década 90 foi marcada pela expansão de estudos sobre a literatura moçambicana, destacando o contributo de estudantes da UEM na pesquisa e publicação sobre esta temática.
2025 DLingua Port 02Referiu que maior parte dos trabalhos desenvolvidos na época eram estudos que se dedicavam às questões genéricas, nomeadamente, a formação da literatura, identidade e a periodização literária. “Agora começa a haver um número cada vez maior de estudos dedicados à autores e obras especificas, o que não significa desaparecimento de estudos genéricos, apenas redução”, acrescentou Prof. Doutor Gilberto Matusse.
Em relação ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, celebrado anualmente a 05 de Maio, o Director da Faculdade de Letras e Ciências Sociais, Prof. Doutor Samuel Quive, referiu-se a importância da Língua Portuguesa nos trabalhos desenvolvidos pela comunidade académica, dando destaque para os estudos de investigação científica e publicações literárias.
“A língua portuguesa é parte da nossa cultura, por isso que, temos dois cursos relacionados, nomeadamente, o Ensino da Língua Portuguesa e Linguística”, reconheceu.
No mesmo contexto, o Embaixador de Portugal em Moçambique, Dr. António Costa, referiu que a língua é um activo valioso no contexto internacional político, económico e cultural, contribuindo para o aumento das parcerias estratégicas.
Acrescentou que, para o caso específico de Portugal e Moçambique, a língua é um património comum e efectivo, que une e identifica os dois povos irmãos.
“A escolha do Português como uma língua oficial em Moçambique foi uma preferência dos moçambicanos para a manutenção da unidade nacional e a criação de uma identidade nacional comum”.
O evento reuniu docentes, investigadores, escritores e estudantes de diferentes cursos lecionados na FLCS.

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