O investigador da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Prof. Doutor Arlindo Chilundo, defendeu que as políticas macroeconómicas das instituições de Bretton Woods em Moçambique e em Angola não tem produzido efeitos desejados e que apenas beneficiam cidadãos dos países ocidentais.
O antigo governante falava, esta Quarta-feira, durante a IV Conferência da Sociedade de História Regional da Africa Austral (RHSSA), evento acolhido pela Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UEM, com objectivo de apresentar uma avaliação crítica do percurso histórico da região e promover reflexões sobre os caminhos alternativos para o futuro.
Na qualidade de orador principal, Chilundo questionou o neoliberalismo que aparentemente promove o desenvolvimento humano e boa governação sem, no entanto, demostrar resultados efectivos na melhoria de vida dos cidadãos dos países subdesenvolvidos.
Afirmou que os recursos naturais tidos como garantia para o desenvolvimento precipitaram a corrupção, má governação e desigualdades económicas. “Moçambique e Angola marcaram 50 anos de independência política este ano e, ainda assim, a liberdade econômica ainda está fora de alcance para milhões de cidadãos”.
Por sua vez, o Director da Faculdade, Prof. Doutor Samuel Quive, disse que, para além de criar e fortalecer laços, a conferência contribui para descolonizar os paradigmas de investigação na área de história. “A descolonização constitui um elemento essencial tendo em conta que os nossos países estão independentes há 50 anos e o índice de analfabetismo tem a ver com o colonialismo”.
Referiu que o modelo de governação e o subdesenvolvimento nestes dois países tem também uma grande relação com o colonialismo, situação que o faz acreditar que a conferência abre espaço para que os académicos e políticos assumam responsabilidade e adoptem estratégias para solucionar este problema.
A conferência realizada nos dias 26 e 27 de Novembro, reuniu académicos, investigadores, especialistas de diversas instituições de ensino superior da África Austral e estudantes. O evento coincidiu com a celebração dos 50 anos das independências de Angola e Moçambique, um marco histórico determinante para o novo rumo político e social do continente africano.