A Faculdade de Letras e Ciências Sociais (FLCS) da Universidade Eduardo Mondlane, lançou no passado dia 14 de Agosto, no Campus principal, um número especial da Revista Científica da Universidade Eduardo Mondlane intitulado: Linguística Bantu de Moçambique: Reflexos da Teoria á Política Linguística, em Homenagem ao Professor Doutor Armindo Ngunga e Prof. Doutor José Katupha.

Trata-se de um número que reuni contribuições de vários linguistas, que descrevem teoricamente as línguas bantu, suas práticas, bem como discutem as políticas que as regulam.
Intervindo na abertura do evento, o Director da FLCS, Prof. Doutor Samuel destacou os feitos dos professores e os seus contributos na formação académica, e no desenvolvimento das línguas nacionais. Sublinhou que os homenageados podem através do evento testemunhar os resultados do que eles mesmos esculpiram ao longo de suas carreiras académicas.
Na ocasião, a Prof. Doutora Julieta Langa, que falava em representação dos docentes do Departamento de Linguística e Literatura da FLCS, afirmou que os homenageados são referências obrigatórias nas suas áreas de formação, facto evidenciado pelas várias publicações científicas que já produziram. O Prof. Doutor José Katupha é um verdadeiro embondeiro, entre as várias acções que realizou para o desenvolvimento das línguas moçambicanas, destacou a criação do Núcleo de Estudos das Línguas moçambicanas (NELIMO), do qual foi um dos cofundadores.
Ressaltou ainda o papel fundamental que o NELIMO desempenhou na motivação para os estudos que se seguem até hoje, impulsionando o desenvolvimento da educação no que diz respeito ao reconhecimento e a integração das línguas moçambicanas no ensino. Segundo a representante dos docentes, esses ganhos não teriam sido alcançados sem os primeiros passos dados pelos pioneiros e fundadores desse movimento científico.
Por outro lado, a Profa. Doutora Julieta Langa destacou que o Professor Doutor Armindo Ngunga influenciou as diferentes reformas curriculares na Faculdade é autor de várias obras científicas. "Portanto, estas honras feitas hoje são merecidas como histórias e motivações para fazermos mais e levarmos os outros a fazerem o mesmo", sublinhou.
Por sua vez, o homenageado, Prof. Doutor José Katupha, convidou os presentes, sobretudo aos autores dos artigos de pesquisa publicados na Revista, para refletirem sobre a importância de fazer falar a cultura moçambicana nas línguas nacionais, alertando para o perigo do congelamento da epistemologia da língua africana do Bantu.
"O grande perigo está no congelamento da epistemologia da língua africana do bantu todos nós somos instrumentos do congelamento da significação do conceito africano para fazer a vida africana, por isso, precisamos fazer falar a nossa cultura através do que já descobrimos e escrevemos,” alertou.
No mesmo contexto, o Professor Doutor Armindo Ngunga afirmou que ainda há muitos desafios pela frente destacando a falta de políticas claras sobre as línguas nacionais. "Continuem a trabalhar para que as línguas bantu não se tornem línguas irrelevantes" afirmou.
E, em representação aos autores do Número Especial da Revista, Profa. Célia Mutevuia o impacto positivo que os dois professores tiveram ao longo da sua vida académica, referindo que os professores ensinaram a buscar conhecimento, a questionar afim de tornar Moçambique um melhor lugar para viver.
"Este Número Especial da Revista Científica da UEM que hoje apresentamos ao mundo é um pequeno gesto do que nos ensinaram e um modo pelo qual expressamos a gratidão, cada um de nós carrega toda vossa estória de vida, trajectoria e sabedoria que nos inspiraram ao longo dos anos, como vossos estudantes e colegas", afirmou.

O evento contou com a participação de docentes, estudantes e familiares dos homenageados.